sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A palavra


Querido Diário,

Ultimamente tenho me voltado à reflexão de minha espiritualidade, conhecendo melhor meus defeitos e limitações, reafirmando minha fé, minha decisão de ser uma boa pessoa, de trilhar meu caminho nesse mundo não somente olhando para meu umbigo, mas também olhando e ajudando às pessoas sempre que possível (ainda é pouco o que eu faço, espero muito um dia fazer mais).
Não sei se você sabe, querido diário, mas sou budista. Fui criada no cristianismo, igreja Católica Apostólica Romana, fui batizada e fiz a primeira comunhão. Tenho profundo respeito e carinho pelo cristianismo e pelos símbolos da igreja Católica, porém não sou mais cristã. No momento em que mais precisei de uma palavra de fé e de paz, não encontrei no cristianismo e sim no Budismo. Vivo o Budismo a 7 anos, meu crescimento de fé e espiritualidade foram imensos, minha postura com relação ao meu semelhante melhorou e muito, e continuo a cada dia crescendo e evoluindo.
Maaaaas, o motivo de escrever hoje e desabafar, é por um dos motivos, pelos quais, eu deixei o cristianismo.  Durante toda minha vida (e isso persiste até hoje), eu convivi com cristãos, e sempre me decepcionava com a forma, pela qual, os cristãos se referiam à outras religiões e até mesmo com relação às demais vertentes do cristianismo. Os cristãos (não quero generalizar, mas infelizmente todos que conheci são assim), falam da fé dos outros com pouco caso, a fé dos outros é sempre pior, ou muitas vezes nem é considerada como fé. Fico me perguntando aonde fica o amor ao próximo? Amor ao próximo, não é concordar com os outros, aceitar, mas é muito obviamente respeitar.
Quando converso com pessoas de outras crenças, Budismo, Hinduísmo, Islã, etc, não vejo essa atitude de desrespeito. Até mesmo no tão odiado Islamismo, absolutamente todas as pessoas que já conversei, o respeito pela fé dos outros é muito grande (os infiéis, de quem eles tanto falam, são pessoas sem fé, que não crêem em Deus, para os muçulmanos o simples fato de crer em Deus, independentemente da nossa crença pode e vai nos salvar). Amo sentar e conversar sobre toda e qualquer religião, sou extremamente curiosa com relação a isso, e em como as pessoas lidam com as religiões e com sua fé. Porém, absolutamente todas as vezes que converso com um cristão, eu me decepciono, o desdém, o desrespeito e a soberba com relação às outras crenças é insana. Acredito que tudo isso é fruto da falta de conhecimento sobre outras religiões, a ignorância faz isso acontecer, entretanto o preconceito é tão grande que na maioria das vezes, eu vi essas pessoas enchendo o peito somente para falar absurdos sobre outras crenças.


Querido diário, não deixei de respeitar o cristianismo, a Bíblia, Jesus Cristo, as vezes me pego falando de Nossa Senhora com extremo carinho, pois para mim o cristianismo (principalmente o catolicismo)  faz parte da minha história, somente não é mais essa a minha fé. Não quero em momento algum falar mal do cristianismo, mas sim desabafar meu pesar e decepção com relação aos cristãos. Gostaria de ver uma evolução com relação a isso, dentro até mesmo do próprio cristianismo e seus seguimentos, que eles mesmos parem de se criticar e de se atacar.

Enquanto isso, sigo conhecendo as religiões com respeito, ouvindo histórias maravilhosas de fé, evoluindo dentro da palavra do Budismo e a cada dia, a cada provação e dificuldade reafirmando minha espiritualidade e vivendo o verdadeiro AMOR AO PRÓXIMO.

Adendo: No texto acima, não entrei numa discussão sobre o Islamismo e os problemas claros ligados a essa religião no contexto atual de nossa sociedade. O foco do texto era falar sobre a intolerância dos cristãos com relação às outras crenças e somente isso. E nesse aspecto, vi com minhas experiências que os muçulmanos são muito tranquilos.
2º Adendo: O texto acima, assim como todo o blog, são baseados nas minhas experiências, podem haver experiências diversas, opiniões diversas e eu respeito, porém evidentemente não são as minhas.