terça-feira, 29 de maio de 2012

A nossa jornada


Querido Diário,

Ontem saí de casa normalmente, andei dois dos três quarteirões que ando para pegar meu ônibus e percebi que faltava minha meia calça, peça importantíssima do meu uniforme. Voltei em casa PUTA da vida furiosa, para pegá-la e mandei mensagem para minha chefe avisando que eu me atrasaria. Só pensava em como isso era extremamente injusto e irritante.  Chegando ao trabalho encontrei com as pessoas que sempre encontro, uma delas a Dona Lívia* (irei preservar sua real identidade*). Eu disse um bom dia caloroso como sempre e ela uma senhorinha de uns 60 anos me respondeu como sempre “Bom dia, minha filha”, com um sorrisão no rosto.
Desci para minha mesa e aproveitando que não havia muito a fazer terminei de formatar o post sobre O tempo e o vento e o coloquei no blog. Imediatamente depois ouço pedidos de ajuda, para que alguém ligasse para o SAMU, eu liguei meio sem saber o que acontecia... Tudo que posso dizer é que nossa queria Dona Lívia* veio a falecer diante de nós em decorrência de um ataque cardíaco fulminante...
Hoje passado o susto e o estado de choque, permanece a tristeza e surge a revolta. Lembro-me quantas e quantas vezes Dona Lívia* disse que iria se aposentar que gostaria de descansar, cuidar dos netos, e a poucos meses de se aposentar ela faleceu.  Esse é o fim que merece um trabalhador? Pessoas boas que lutam uma vida inteira? Acredito em Deus, tenho fé que seus atos sempre trarão crescimento, respostas e paz, mas SEMPRE fica uma pontinha de revolta, quando uma vida se acaba.
Querido diário, hoje fica o LUTO, a tristeza e as preces mais sinceras e carinhosas para a Dona Lívia* e para seus familiares.
(descanse em paz Dona Lívia*)

(*em respeito à família a real identidade será mantida em segredo)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O tempo e o vento


Querido diário,

Hoje acordei pensando em um dos meus livros favoritos, “Ana Terra”, lembro-me quando fui prestar vestibular esse livro estava entre as leituras obrigatórias. No início fiquei irritadíssima em ter que lê-lo (preguiça mata, mas ainda estou vivinha rs), porém esse livro foi a mais grata surpresa da minha vida (leia mais aqui). Ana Terra, no meu modo de ver, era uma melancólica, romântica, sonhadora, sensível e, paradoxalmente, forte, determinada. Ela foi um dos personagens que mais me marcou, assim como seu pai, Maneco Terra. Maneco Terra não gostava de espelho (já imaginou a fuça do ser-humano, né? rs) e impedia Ana Terra de ter um. Ao final do livro, após o passar do tempo, Ana Terra ganha um espelho de seu filho, Pedro Terra e, ai nesse momento, tem-se o que me faz pensar... Ana Terra se olha e não se reconhece, os cabelos brancos, as rugas, o tempo que passou e foi cruel. Ela então, conclui que realmente  o “espelho é coisa do diabo”, assim com dizia seu pai.

(livro a que me refiro)
Estou prestes a fazer aniversário, e desde dos meus 22 anos (dois patinhos na lagoa, adorava dizer isso...hihihi), me sinto irremediavelmente envelhecendo, e isso me causa um enorme pavor. O tempo traz sabedoria? Sim. Experiências? Sim. Mas também o medo de ter medo de se olhar no espelho, e não apenas por ver rugas e cabelos brancos como Ana Terra, mas também por perceber que o tempo passou, e que não realizamos nossos sonhos, não nos permitimos, não nos libertamos. E mais cruel ainda, de não se reconhecer aquela pessoa refletida, por não querer sentir a dor da frustração que ela provoca.
Querido diário, como devemos agir para impedir que nos frustremos com o que fizemos faremos de nós e de nosso tempo nesse mundo? Acredito que antes de tudo e mais nada, é entender e aceitar que NUNCA É TARDE DEMAIS, sempre há tempo de se libertar, de recomeçar, de aprender. Depois (mas não menos importante), penso que nossos maiores aliados são:
- Ter um objetivo, que seja um sonho a ser realizado ou uma meta.
- Disciplina, aceitando o incomodo e superando a preguiça (para mim essa é a parte mais difícil)
- Força de vontade, penso que ela tem como conteúdo a fé, a esperança. É a força de vontade que não nos deixa desistir, que nos faz persistir com valentia (ela também pode ser aquela mola no fundo do poço, como eu já estive lá, sei que ela é muito útil...rs).
- E o principal, ACREDITAR EM SI MESMO. Pois estaremos sempre determinados e firmes como  uma rocha no objetivo (maravilhosamente egoísta rs) de sermos felizes.
(é isso aí bebê, o lance é dormir e ser feliz rs)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Nosce te ipsum

Querido diário,

Conhece-te a ti mesmo?rs Difícil de responder, né?! Eu mesma não consigo ao certo. Às vezes eu penso que me conheço, estando certa das minhas emoções, personalidade, daquilo que eu falaria ou como me comportaria num determinado momento. Mas o fato é que sempre acontece algo, em um determinado momento que simplesmente leva tudo a perder.
Essa semana na faculdade estamos estudando Aristóteles, na sua contemplação sobre homem virtuoso, erros e vícios (leia mais aqui). O homem virtuoso é aquele que se conhece e conhece, muito bem, os seus limites. Todos nós, segundo Aristóteles, temos a nossa natureza animal, sendo ela aquilo que devemos a todo o tempo controlar. Porém, até mesmo Aristóteles acredita que quem tenha seu limite atingido, dentro de uma situação onde não possa escapar, irá agir, irá atacar, irá se defender (ou como disse uma pessoa que conheço, "utiliza-se a 'pinça' que vai bem no lugarzinho onde provoca-se mais dor"...rs).
(é isso aí Blanka, mexeu cum nóis leva choque..kkk)

Mas, querido diário, como podemos nos conhecer tão bem ao ponto de identificarmos nossos limites e nossas fraquezas? Como a grande maioria, eu sei meus pontos fortes, meu lado espontâneo, maluquinho divertido, carente, e portanto tão carinhosa com quem amo. Porém, meus limites, meus defeitos e meus “erros”, bom, neles eu não gosto de mexer muito. Entretanto, é necessário mexer, fuçar, se conhecer, para que possamos conviver com os outros e conosco de forma melhor e mais harmoniosa. Conhecer-te a ti mesmo é amar-te a ti mesmo ainda mais!!!
Eu gosto de utilizar o método do criador do Nosce te ipsum (conhece-te a ti mesmo), Sócrates.  Sócrates idealizou o método da Maiêutica (leia mais aqui), esse é o processo do autoconhecimento, da auto-reflexão, da busca pela verdade. Sempre começo com uma pergunta, aquilo que gostaria de descobrir sobre mim, e isso vai loooonge...rs
Querido diário, mulher, NATURALMENTE, já pensa demais! Imagina então, o que não pensa uma melancólica bem humorada? Me divirto, me surpreendo e me apaixono com o que descubro de mim. Acredito verdadeiramente, que esse é um processo de amor e compaixão por  si mesmo, pois todos nós temos o péssimo hábito de sermos nossos PIORES ALGOZES... Mas, falarei disso outro dia, porque agora tenho que estudar para uma prova!!!
(Que minha mãe não leia isso...rs)

terça-feira, 22 de maio de 2012

A Gaiola


Querido diário,

Hoje me peguei pensando em algo que me terrifica, uma gaiola! Mas deixe-me te explicar melhor... Eu amo o filme "O senhor dos anéis", por zilhões de motivos, assim como tantos apaixonados pelos filmes e livros, fico enlouquecida pela história de força, coragem e  determinação, a aventura, o Aragorn e o Legolas (huuuuum... dilícia rs). Porém no meio da minha adolescência, vendo o filme, tive explicado, descrito e personificado um medo, cujo qual eu jamais havia conscientizado, mas que sempre esteve lá.
Numa conversa (apaixonante) Aragorn pergunta a Éowny, qual seria o seu maior medo, sua resposta caiu como uma bomba na minha “rosa” cabecinha de adolescente, Éowny disse: “Uma gaiola. Ficar atrás de grades até que o hábito e a velhice as aceitem e as oportunidades de grandes feitos estejam além da lembrança ou do desejo”.

(Cena a que me refiro)

Nossa, como essa resposta, essa simples e inocente resposta pode ser tão verdadeira e aterrorizadora ao ponto de doer tanto? Lembro-me que após o choque inicial eu pensei: “mas de onde vem ou aonde está essa maldita gaiola?” Será que ela fica na nossa cabeça ou no nosso coração? Fica nos nossos atos ou em nossas omissões? Está guardada com nossos inimigos ou lá naquele lugarzinho, bem pertinho, mas que temos medo de ir? Anos depois da primeira vez em que assisti ao filme (e após tê-lo visto tantas vezes) ainda não consigo ao certo responder a pergunta que me fiz, depois de ouvir a resposta de Éowny a Aragorn...
Tendo a acreditar que é algo em nós, algo que nos prende a sentimentos autodestrutivos, sentimentos esses que nos viciam pela preguiça e o costume. Mas não consigo excluir as influencias externas. Como por exemplo, o modo como fomos criados, as pessoas que cruzam nosso caminho, as oportunidades dadas, as palavras ditas.
Eu, particularmente ("nãaao jura??" rs PLEONASMO NECESSÁRIO rs), gosto de tempos em tempos fazer uma imersão em mim. Tenho certeza que o autoconhecimento é algo poderoso (assim como "O Anel"rs - piada idiota, eu sei), é sabendo nossas fraquezas que conseguimos produzir “anticorpos”, contra os parasitas internos e/ou externos a nós.
Querido diário, a pergunta que fiz ainda continua vagando em minha mente, e talvez isso seja algo bom, pois ficará martelando na minha cabeça, não me deixando esquecer o incomodo que senti ao ouvir a frase dita por Éowny.
E o medo da gaiola? Bom... ele continua!!!!
(taaan daaann...rs)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Como tudo começou...


Querido diário,

Há algumas semanas assisti uma entrevista/palestra da filósofa Márcia Tiburi no programa “Sempre um papo”, onde ela falava sobre felicidade. Claro que para falar sobre felicidade é imprescindível falar sobre tristeza, depressão e melancolia. (para ver o programa clique aqui)
Enquanto eu via, me identificava, pensava naquelas verdades e me veio a cabeça uma grande verdade, a qual, tento fugir a ANOS: "eu sou uma IDIOTA". Como tantos, eu fujo da tristeza, buscando a felicidade que se vê nas novelas e filmes, felicidade irreal, numa busca que se mostra tão cruel e intangível. 
Por que nunca entendemos que tristeza é um sentimento válido, saudável e inevitável em nossas vidas? Estar triste não é estar depressivo, é  estar num processo de auto-conhecimento ou é estar simples  e unicamente triste. Temos agora a mania da depressão, mania inútil, que afunda a grande maioria na bebida, remédios, comida, cigarro, drogas. Seeeei que depressão existe sim, como sei, porém se entregar a tristeza e esquecer de lutar, pura e simplesmente porque toda tristezinha  agora é uma DEPRESSÃO, aí não dá.

Nessa mesma entrevista ela fala sobre a melancolia, aaaaaah a melancolia, como eu a amo, estado de espírito que sempre tive, sempre foi parte do meu caráter e como uma IDIOTA, sempre me senti uma depressiva suicida, por causa dela... 
(Assim que me sentia...rs)


Durante o decorrer da entrevista foi mais fácil entender a melancolia, não o significado que temos hoje, mas o significado poético e antigo desse estado de espírito. Ser melancólico é ter espírito artístico, é sentir mais na alma, é se cobrar mais, por acreditar que podemos mais, cobrar dos outros, por sermos irremediavelmente carentes. É amar demais, odiar demais, é constantemente viver no superlativo. (As vezes o demais é até mesmo beeeem tedioso, mas falarei disso mais para frente, querido diário...)
O fato é que descobri a melancolia, esse sentimento estado de espírito estranho e prazeroso, e estou, paradoxalmente, calma, após tê-la descoberto. Porque NÃO SOU UMA DEPRESSIVA, não estou doente, apenas siiiinto DEMAIS (rs). 
Querido diário, será que encontrarei outros melancólicos bem humorados durante minha vida? Espero que sim, pois ainda tenho tanto a aprender, tanto a dividir, me aceitar, aceitar os outros, controlar o superlativo das minhas da minha personalidade.
No mais, muito prazer!!!
E quem também é um melancólico bem humorado, toca aqui... Uhuuuuulll !!rs
(É isso aí!!!)